Um actor é um veículo portador de mensagens; com a responsabilidade de as transmitir ao espectador de forma eficiente e que, de algum modo, contribua para uma melhor sociedade e para o crescimento de cada um; gerar inquietação e debate. Lembro-me de estarmos as três já no camarim a ouvir as pessoas passar na rua e comentar os temas que tinham sido abordados no espetáculo. Ficávamos orgulhosas por saber que aquelas pessoas que tinham estado a rir durante uma hora e meia, tinham saído a pensar no que tinham ouvido, no que tinham sentido. “40 e Então?” é uma comédia. São 90 minutos de boa disposição a um ritmo alucinante, com sucessivas trocas de personagem / identidade com um simples calçar de sapatos. E o facto de ter sido escrita por autoras tão especiais quanto diferentes, dá-lhe uma riqueza de conteúdo subtil a quem tanto nos honrou dar voz. E fazer este projecto com quem nos identificamos e com quem amamos, é um luxo a que “aos 40” nos conseguimos dar. E falar sobre a Vida com um sorriso ou uma gargalhada é um presente.
Fazer parte deste elenco ja é um privilegio. Dizer textos de mulheres que respeito, conheço e não conheço, admiro e reconheço, desafiou-me de tal maneira que se puseram em causa formas, diferenças e igualdades, caracteres e personalidades. Fartei-me de rir quando ensaiávamos, também chorei, o suficiente para encontrar soluções e transformar desilusões. Somos amigas, mulheres, mas acima de tudo família. A que se escolhe , a que queremos manter perto.
Por isso acredito que aquilo o que irão ver ou rever transmite tanta verdade do universo feminino, que tenho o privilegio de pertencer, e que adoro partilhar. Por isso me sinto tão feliz neste palco que vos pretende fazer rir muito, pensar bastante e encontrar o bom conforto de sermos mulheres. Representamos mulheres reais na geração dos 40 , muito diferentes umas das outras. Todas elas são a protagonista da sua própria historia, com cada uma delas aprendi, ri, chorei e desafiei-me. Divirtam-se, riam muito, chorem se necessário, mas acima de tudo desafiei-me e tenham sempre a certeza que são o melhor de vós.
Como todas as conversas entre amigas, esta foi mais uma, intensa e por vezes desbragada até, como somos todas nós as quatro. Surgiu a ideia de dar uma feliz extensão ao projeto tão bom das “Confissões das Mulheres de 30”, que fizemos cerca de dez anos antes e que nos aproximou desta forma única e para sempre, como os casamentos bonitos e felizes. Alguns filhos depois, viemos a palco com estas interpretações, espero eu que fiéis, dos textos de várias outras mulheres que são para nós uma referência. Assim nasceu este espectáculo tão especial e vibrante, dos “40 e então?” Espero que sejam tão felizes a vê-lo, como nos fomos a interpretá-lo!
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